A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) aprovou nesta quinta (05/06) o encaminhamento para que os conselheiros votem a proposta da reitoria que prevê a fusão do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) com o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). A decisão gerou forte reação de servidores, estudantes, técnicos istrativos e parte do corpo docente, que protestam contra o fechamento do HUGG.
Na fachada do prédio, na Rua Mariz e Barros, na Tijuca, faixas escancaram a oposição à fusão e ao possível fechamento do hospital. Fundado em 1929 por Cândido Gaffrée e Guilherme Guinle, o Gaffrée pertence à UniRio e funciona hoje com 170 dos seus 224 leitos disponíveis. Quase centenário, o edifício histórico tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) exige reformas urgentes. Segundo avaliação interna, a estrutura atual já não comporta a complexidade da unidade e trava avanços no atendimento.

O protesto dos servidores ganhou força após a sessão conjunta dos conselhos Universitário (Consuni) e de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), que, apesar da resistência, aprovou o encaminhamento para votação da proposta de fusão ainda nesta quinta-feira.
Os opositores criticam o curto prazo para debate e questionam a legitimidade da votação, ressaltando a participação de gestores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), entidade diretamente interessada na fusão. Também denunciam a baixa representatividade de segmentos como estudantes e técnicos, que compõem a maioria da comunidade universitária, mas são minoria no conselho.

Entre as demandas dos servidores está a realização de um plebiscito para que a comunidade possa se posicionar sobre o futuro do HUGG. A proposta alternativa apresentada sugere decidir primeiro sobre o fechamento ou não do hospital antes de debater a fusão com o HFSE.
O pró-reitor de planejamento da UniRio, Sidney Lucena, apresentou a proposta da reitoria, que prevê a incorporação do HFSE ao patrimônio da universidade e a transformação do HUGG em unidade ambulatorial, com clínica da família e Centro de Atenção Psicossocial. A gestão do hospital geral ficaria sob responsabilidade da Ebserh, com 541 leitos e 170 consultórios, e a contratação de mais de mil trabalhadores sob regime celetista, reservando poucas vagas para estatutários.
Apesar da defesa oficial do projeto como forma de ampliar e qualificar os serviços, os servidores criticam o discurso da reitoria como desconectado da realidade das unidades, marcadas por precarização e sucateamento.
A tal autonomia das universidades dá nisso.