Prefeitura do Rio multa Iguá em R$ 5 milhões por seca no lago do Bosque da Barra e morte de jacarés

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, o rebaixamento do lençol freático feito pela concessionária durante obras provocou danos irreversíveis à fauna e à vegetação da área

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Lago do Bosque da Barra em abril de 2025 — Foto: Felipe Lucena/Diário do Rio

O lago do Bosque da Barra está encolhendo e, segundo a Prefeitura do Rio, a culpa não é só da estiagem. A concessionária Iguá Saneamento foi multada em mais de R$ 5 milhões após a constatação de que as obras para ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto da região provocaram o rebaixamento do lençol freático e a seca da área alagada da reserva ambiental.

As intervenções, paralisadas desde o segundo semestre de 2024, tinham como objetivo aumentar em 50% a capacidade da estação que atende 19 bairros da Zona Oeste. Mas o impacto ambiental da obra foi considerado grave. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima, a empresa não informou que a obra envolveria essa técnica de rebaixamento, usada para viabilizar escavações em áreas com presença de água subterrânea.

A situação começou a se agravar após uma vistoria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima, em julho de 2024. Desde então, o espelho d’água da principal área alagada vem desaparecendo lentamente, substituído por solo rachado, vegetação seca e mato alto. Espécies típicas da fauna local, como jacarés-de-papo-amarelo, aves e insetos, também sumiram ou morreram. Em setembro, o maior dos quatro lagos de água doce do Bosque atingiu seu estágio mais crítico de seca — ali viviam 31 filhotes de jacaré. Os outros três abrigavam ao menos 17 indivíduos adultos da mesma espécie. Diante do agravamento, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou, na época, um inquérito civil e notificou a Iguá Saneamento a apresentar esclarecimentos em até dez dias.

“Os danos são inimagináveis e, em grandes medidas, irreversíveis”, afirmou a secretária Tainá de Paula em entrevista ao RJTV2. “Há evidências claras, muitos relatórios feitos e muita discussão com a empresa sobre o que aconteceu no Bosque da Barra. O que a gente alega é que não foi notificado que haveria esse rebaixamento do lençol freático, que fez com que não fosse possível pensar numa solução que antecie esse problema.”

O Bosque da Barra tem área equivalente a 50 campos de futebol e é considerado uma das últimas faixas de restinga preservada da cidade. Inaugurado como unidade de conservação em 1983, o parque abriga brejos, várzeas e espécies da flora ameaçadas de extinção. Já foi super frequentado pelos cariocas da Zona Oeste, principalmente, aos finais de semana. Atualmente, enfrenta queda no número de visitantes.

A Iguá, no entanto, sustenta que não há provas de que a seca esteja ligada à obra e promete recorrer das multas. Em nota, a empresa alegou que o volume de chuvas na região está abaixo da média desde o ano ado, o que explicaria o cenário de seca. Já o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), responsável pelo licenciamento do projeto, reconheceu que a técnica de rebaixamento do lençol freático não estava prevista na documentação apresentada. Ou seja, não foi autorizada.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Pois é, Obama. Odebrecht, Americanas, OAS, IRB, Banco Master, fazenda boi gordo, Encol… São todas empresas idôneas e podemos deixar nosso ar e nossa água na mão deles sem ninguém se preocupar. Lucro não será prioridade!

    Obama, o militante que nunca viu uma fatura de água e pede para mamãe fantasia de libertário para poder ear no carnaval. A utopia é linda, mas se sair do vídeo game no quarto vai perceber que a realidade é diferente.

  2. Oi Armando, o público é idóneo e perfeito: temos o roubo do maior fundo previdenciário do país, temos hospitais do SUS nível Sírio Libanês, Petrobras nunca teve escândalo e as nossas águas são limpas e tínhamos o a saneamento básico para 100% da população.

    Armando, 50 anos, justiceiro da moral na internet, cego intelectual, mora com a mãe em Copacabana, trabalha num emprego público que a tia amiga da mãe indicou e recebe até hoje mesada da mãe que sobrevive do dinheiro da pensão do pai que morreu e era militar.

  3. Parece que Obama não paga conta de água e não a pelas frequentes falta dágua desde a privatização. Sorte dele que também não mora nas casas afetadas pelo rompimento das adutoras e também não teve nenhum parente ferido nestes rompimentos.

    Claro que os bilhões da CEDAE devem ter sido bem gastos pelo Castro do PL. A segurança da cidade está ótima e hospitais e escolas estaduais tinindo!

    Fico feliz em quem acredita no livre mercado quando temos monopólios naturais. As empresas privadas fazem caridade e são honestas como Americanas, IRB,…

  4. Oi Armando, já viu as obras de aumento da malha de distribuição de água esgoto pela cidade? Já vi algumas, coisa que eu não via no tempo de SEDAE. Ainda, já percebeu que mesmo longe dos marcos previstos no marco legal de saneamento a água de alguns lugares (vide Baía de Guanabara) estão um pouco melhores do que nos últimos 50 anos? Então, talvez você não consiga ver do alto do seu apartamento na Zona Sul carioca, mas algumas pessoas que não tinham o estão aos poucos tendo o a água e esgoto, realidade essa que você talvez nunca tenha ado para sentir falta ou lutar por ela. Felizmente, quando você aumenta o o a água e esgoto de lugares tal como na favela bem longe da sua casa isso afeta positivamente até a sua querida praia da Urca. Portanto, mesmo que cheio de erros – que acontecem e devem ser cobrados, e até por isso ainda há agência fiscalizadora que fez o seu trabalho como descrito no texto, acertando um modelo que em um ponto falhou.

  5. Não seria só privatizar para resolver todos os problemas?
    A propósito, onde estão os bilhões que Castro do PL recebeu pela privatização da CEDAE?

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