O Centro Cultural Sesc Quitandinha, em Petrópolis, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, recebe, a partir deste sábado (24/05), uma exposição com obras e performances de artistas indígenas aldeados de diferentes partes do Brasil.
Intitulada de ”Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência”, a mostra será aberta em etapas – ou em ”fogueiras”, terminologia utilizada pela curadoria do projeto, mais precisamente a antropóloga e ativista indígena Sandra Benites e o curador-chefe do Museu de Arte do Rio (MAR), Marcelo Campos, com a assistência do artista visual e ativista socioambiental Rodrigo Duarte.
O termo fogueiras (TATA YPY, a origem do fogo, em guarani) faz referência às práticas culturais ancestrais de reunião ao redor do fogo. Para a mostra, a palavra se refere aos encontros e debates que abrem cada etapa da exposição.
”É nas fogueiras que há compartilhamento e diálogo aquecido pela força e afeto. É o lugar de encontro de uma comunidade, um lugar de debate, tomadas de decisões, recontar nossas histórias e acordar memórias”, explicam os curadores.
Andrey Guaianá e debate com lideranças indígenas
A primeira fogueira, neste sábado, será marcada pela inauguração da obra comissionada de Andrey Guaianá Zignnatto, na Galeria Brasil, e por uma conversa entre público, artistas e lideranças indígenas no Salão das Convenções. Participarão Lutana Kokama, Vanda Witoto, Iracema Gãh Té Kaingang e Alice Kerexu Takua, além de Sandra Benites. A atividade, que acontece das 14h às 17h, tem entrada franca. Também haverá transmissão ao vivo através de um link que será disponibilizado no site oficial do Sesc-RJ.
Nascido em Jundiaí, na Região Metropolitana de São Paulo, e descendente de povos Tupinaky’ia e Gûarini, Andrey é reconhecido por trabalhos que fazem referência ao universo do labor. Neto de pedreiro, do qual foi ajudante quando criança, Guaianá utiliza em suas obras materiais como sacos de cimento, tijolos, juntas de argamassa e fragmentos e sobras de intervenções urbanas. Sua intenção é provocar uma reflexão sobre a relação instável e dinâmica que o ser humano estabelece com o meio que o cerca.
Diversidade de povos
A fogueira seguinte será no dia 07/06, com o desenvolvimento das obras comissionadas, ou seja, desenvolvidas exclusivamente para a mostra. O público poderá acompanhar o processo de criação dos trabalhos, que envolverá instalações, pinturas e ilustrações. As peças serão criadas por artistas e coletivos de Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dos povos Desana, Baniwa, Anambé, Guarani Nhandeva, Xavante, Guarani, Mbya e Karapotó.
A composição do projeto prossegue em 10/07, coincidindo com o Festival Sesc de Inverno, quando serão apresentadas obras audiovisuais, incluindo mapping, e inaugurada a obra da artista Tamikuã Txihi no entorno do Lago Quitandinha. Para o dia 09/08 está prevista a última fogueira, que completa a exposição, com obras que remetem à arte e à memória. A mostra se estenderá até fevereiro de 2026.
SERVIÇO
Exposição ”Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência” em Petrópolis
- Período: 24 de maio de 2025 a 28 de fevereiro de 2026
- Dias e Horários: Terça a domingo, das 10h às 16h30
- Local: Centro Cultural Sesc Quitandinha
- Endereço: Avenida Joaquim Rolla, 2 – Quitandinha – Petrópolis/RJ
- Entrada: Gratuita
- Classificação: Livre